O brincar potencia o desenvolvimento, já que assim aprende a conhecer, aprende a fazer, aprende a conviver e, sobretudo, aprende a ser. Para além de estimular a curiosidade a autoconfiança e a autonomia, proporciona o desenvolvimento da linguagem, do pensamento, da concentração e da atenção. É nesta fase através do brinquedo e do lúdico que a criança dá significado ao mundo. Sou um marceneiro por opção e pretendo desenvolver brinquedos com artes que pensem o corpo, a mente e mobilidade da criança negra.
Pretendo desenvolver três tipos de brinquedos um para cada fase das crianças, usando como suporte teórico a divisão das etapas segundo Piaget:
Primeiro experimento - O brinquedo será desenvolvido para esta fase.
0 aos 2 anos de idade - Aqui ocorrem os chamados Jogos de Exercício. Neste período, a criança vai adquirindo competências motoras e aumentando a sua autonomia. Começa a preferir o chão ao berço, demonstrando alegria nas tentativas de imitação da fala, revelando prazer ao nível da descoberta do seu corpo através dos sentidos. Elabora então as suas brincadeiras à volta da exploração de objetos através dos sentidos, da ação motora, e da manipulação - características dos ¨jogos de manipulação¨, que são diferentes de acordo com a sociedade em que se vive. Estes jogos oferecem sentimentos importantes de poder e eficácia, bem como fortalecem a auto-estima. Deste m odo, constituem peças fundamentais para o desenvolvimento global da criança.
Segundo experimento - O brinquedo será desenvolvido para esta fase.
2 aos seis/sete anos de idade - A simbologia surge com um papel fundamental nas brincadeiras, como são exemplo o ¨faz de conta¨, as histórias, os fantoches, o desenho, o brincar com os objetos atribuindo-lhes outros significados, etc. Os jogos simbólicos são possíveis dado que, nesta fase, a criança já é capaz de produzir imagens mentais. A linguagem falada permite-lhe o uso de símbolos para substituir objetos. O jogo simbólico oferece à criança a compreensão e a aprendizagem dos papéis sociais que fazem parte da sua cultura (papel de pai, de mãe, filho, médico, vizinho, irmão, amigo etc.).
Terceiro experimento - O brinquedo será desenvolvido pra esta fase.
Dos 7 anos aos 11 anos - Por fim, as brincadeiras e jogos com regras, tornam-se cruciais para o desenvolvimento de estratégias de tomada de decisões. Através da brincadeira, a criança aprende a seguir regras, experimenta forma de comportamento e socializa, descobrindo o mundo à sua vota. No brincar com outras crianças, elas encontram pares e interagem socialmente, descobrindo desta forma que não são os únicos sujeitos da ação e que, para alcançarem os seus objetivos, deverão considerar o fato de que os outros também possuem objetivos próprios que querem satisfazer. Nos jogos com regras, os processos originados e/ou desenvolvidos são outros, uma vez que nestes o controle do comportamento impulsivo é diferente e necessário. É a partir das características especificas de cada jogo que a criança desenvolve as suas competências para adaptar o seu comportamento, distanciando-o cada vez mais da impulsividade. Nestes jogos, os objetivos são dados de uma forma clara, devido à sua própria estrutura, o que exige e permite, por parte da criança, um avanço na capacidade de pensar e refletir sobre as suas ações, o que lhe permite uma auto-avaliação do seu comportamento moral, das suas habilidades e dos seus progressos sociais e individuais.
A parceria do marceneiro com a pedagoga visa a analise deste brincar, e exploram infantil que refletem dão significado a realidade e a cultura na qual estão inseridas, interiorizando-as e, ao mesmo tempo, questionando as regras e papéis sociais. Pensamos que é necessário nesta vivencia e exploração de mundo que seja levado em conta a sua afro descendência e para isto será necessário repensar o brinquedo. Para que na sua exploração de mundo a experimentam entre em contato com valores e hábitos sociais que lhe façam sentido. O brinquedo é uma ferramenta que ajuda na transição do imaginário para o real.
A criança como criança demorou a ser ¨descoberta¨. No caso a criança Afro descendente esta demorando um pouco mais. A criança não é um adulto que ainda não cresceu. Este racicinio jé é ultrapassado. A criança tem características próprias. Para alcançar o pensamento adulto (abstrato), a criança precisa percorrer todas as etapas de seu desenvolvimento físico, cognitivo, social e emocional. Nada mais justo que este desenvolvimento possa ser harmônico com seu corpo e com sua mente. Por isto me preocupo como o pai e como educador que a criança possa acessar um brinquedo que ajude em seu desenvolvimento. Seu primeiro apoio nesse desenvolvimento é a familia. A atividade lúdica produz entusiasmo. A criança fica alegre, vence obstáculos, desafia seus limites, despende energia, desenvolve a coordenação motora e o raciocínio lógico, adquirindo mais confiança em si e aprimorando seus conhecimentos.
Até pouco tempo atrás, o brincar foi desvalorizado na educação e desenvolvimento da criança. O ato de brincar é uma ferramenta importante no desenvolvimento infantil: através da brincadeira, as crianças ultrapassam a realidade, transformando-a através da imaginação. Elas desenvolvem a atenção, a memória, a distribuição espacial conhece seu corpo. O que para os adultos pode ser uma simples brincadeira de roda ou amarelinha, para os pequeninos significa ganhar a possibilidade de tomar decisões e fazer descobertas emocionais ou físicas. Jogos em grupos ajudam as crianças a trabalhar em equipe e formularem estratégias. É um momento onde se manifestam com naturalidade, conforme suas próprias vontades e exigências.
